Natal, Réveillon, calendário novo em folha,
férias, verão... Entenda como o clima de festa e renovação desse período
recompensa o seu organismo
Aproximidade do fim de ano mexe com os
nervos. Cria um tipo de ansiedade com estímulos próprios que parece nos
dar mais vontade de viver. É um estresse capaz de motivar as pessoas a
fazer algo especial. As cidades ficam mais agitadas, e o trânsito,
maluco. Todos correndo para poder... parar — e se entregar à família e
aos amigos. Uma pausa para reunir quem se ama em torno da ceia de Natal e
celebrar tanto o ano que se encerra como aquele que está por vir. Ou
simplesmente um intervalo para descansar e mergulhar em um período de
férias, que coincide com a chegada do verão. Tudo isso, claro, repercute
em nossa saúde.
Os cientistas explicam que a iminência das
festas de fim de ano gera uma expectativa positiva. As luzes típicas dos
festejos ativam áreas específicas do cérebro e desencadeiam processos
saudáveis ao corpo. "Nessa época, a amígdala encefálica, encarregada de
dar significado emocional a fatos e datas, está a mil por hora", explica
o psicobiólogo Ricardo Monezi, pesquisador do Instituto de Medicina
Comportamental da Universidade Federal de São Paulo. "O hipocampo, outra
região cerebral, também trabalha acima da média porque é ele quem
atribui importância às informações que a mente recebe. O resultado é a
maior produção de neurotransmissores associados à sensação de bem-estar,
como a endorfina e a serotonina." Já na versão da neurologista Sonia
Brucki, do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do
Envelhecimento da Associação Brasileira de Neurologia, a proximidade do
fi m de ano aciona o mecanismo de planejamento futuro do cérebro em
busca de recompensa. "Esse processo envolve os lóbulos frontais e as
regiões límbicas, responsáveis pelo controle das emoções, e embute
sensações agradáveis ligadas às emoções. Diante da expectativa de algo
positivo, o cérebro gratifica o corpo com substâncias químicas
associadas ao prazer."
Dezembro fecha um ciclo estipulado por um
calendário social. É um período em que se encerra o velho para dar
início ao novo. Um momento para renovar promessas e esperanças. "Esse
movimento mexe com a integralidade do indivíduo, que termina uma vida de
um ano e começa outra. O cérebro percebe a mudança e a mente prepara o
corpo para essa transformação", ilustra Ricardo Monezi. O fim do ano
também é um momento de repouso. Mas, para que a pausa revigore, é
preciso realmente descansar. Dormir muito, calçar chinelos, desligar o
telefone celular, sair sem relógio e comer só quando se tem fome são
ações que indicam ao nosso coordenador fisiológico que o chefão está se
dando um presente.
Segundo Monezi, o cérebro retribui o mimo com
alívio da tensão muscular, diminuição da frequência cardíaca, melhora
da qualidade do sono, redução da liberação de hormônios ligados ao bom
estresse e aumento da produção de hormônios associados ao bem-estar.
Agora, para que tudo isso se concretize, é preciso colaborar, como
ensina a psicanalista Mara Salla, pesquisadora da PUC-SP: "Temos de ser
verdadeiros conosco. Rir e amar durante cada ritual, de corpo e alma".
RISCOS DE SER DO CONTRA
O
estresse de fim de ano pode ser também uma armadilha para o corpo.
Encarar as celebrações como uma obrigação ou cultivar a aversão à data,
claro, faz mal à saúde de qualquer um. Assim como sair de férias
acelerado demais e preocupado com mil pendências. É que o cérebro recebe
a informação de que está próximo de um evento frustrante e, daí,
desencadeia a produção de hormônios como o cortisol, ligado ao estresse
ruim. "A tristeza aumenta a intensidade e a permanência do cortisol no
corpo, o que debilita o sistema de defesa e leva a doenças,
principalmente as infecções oportunistas", diz a psicanalista Mara
Salla, do Laboratório de Estudos de Saúde e Sexualidade Humana da
Pontifícia Universidade Católica de São
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